O grupo de activistas ambientais Climáximo afirmou esta terça-feira que as suspeitas de crime envolvendo negócios de lítio e hidrogénio mostram que o combate às alterações climáticas “não pode ser um negócio”.
“Travar a crise climática não pode ser um negócio, porque fundamentalmente contradiz a lógica de expansão permanente do uso de recursos” e “é um acto criminoso de arrogância governamental colocar milhares de milhões de euros de dinheiro público nas mãos das empresas criminosas que semearam, alastraram, e perpetuaram o terror climático – em Portugal a Galp, a EDP e a REN -, e achar depois que sairiam ilesos do processo”, referem os activistas.
Comentando as “notícias de hoje [terça-feira], da constituição como arguidos de os ministros, assessores, chefes de gabinete, autarcas e empresários, no âmbito de negócios de lítio e hidrogénio”, a Climáximo refere não estar surpreendida.
Isto porque, defendem, o país vive “num sistema económico que coloca o lucro acima da vida” e o “processo de instalação de renováveis em Portugal é uma oferta constante e permanente de apoio público à indústria privada, sem contrapartidas”.
Este é, no seu entender, “um processo que cria as condições perfeitas para a banal corrupção, apenas mais um dos crimes visíveis que o governo e empresas fósseis cometem contra a sociedade”, referem os activistas.
“O governo subsidia os principais culpados pela destruição das condições de vida em Portugal, e depois justifica isto com falsas narrativas sobre clima”, porque a “transição proposta por estes governos e estas empresas é exclusivamente um negócio, que nunca teve nada que ver com clima”, acusam ainda.
Embora não sejam identificados todos os detidos, alguns meios de comunicação social já indicaram que o consultor é Diogo Lacerda Machado, advogado e empresário próximo do primeiro-ministro, enquanto os administradores da sociedade Start Campus de Sines serão Afonso Salema e Rui Oliveira Neves.
O MP constituiu ainda como arguidos o ministro das Infra-Estruturas, João Galamba, e o presidente do Conselho Directivo da Agência Portuguesa do Ambiente, Nuno Lacasta.
De acordo com a PGR, estarão em causa neste inquérito os crimes de prevaricação, de corrupção activa e passiva de titular de cargo político e de tráfico de influência.
A investigação visa as concessões de exploração de lítio nas minas do Romano (Montalegre) e do Barroso (Boticas), um projecto de central de produção de energia a partir de hidrogénio em Sines e o projecto de construção de ‘data center’ desenvolvido na Zona Industrial e Logística de Sines pela sociedade Start Campus.
A PGR anunciou também que o primeiro-ministro é alvo de uma investigação autónoma do Ministério Público num inquérito instaurado no Supremo Tribunal de Justiça.
Com NM