O empresário raptado a 11 de março em Lamaçães, Braga, terá sido morto no próprio dia pelos três sequestradores. A PJ do Porto, que esta terça-feira deteve sete homens em Braga, Porto e Coimbra, não encontrou, ainda, o cadáver. Terá sido liquidado para o calarem num processo judicial em que
a família exige a devolução de 1,9 milhões de euros. A que se somam mais 700 mil que lhe terão subtraído.
Entre os detidos, que esta quarta-feira, vão ser apresentados ao Tribunal de Instrução de Guimarães – para onde vão, na comarca de Braga os crimes violentos, estão três irmãos, de apelido Grancho Bourbon: os advogados Pedro e Manuel, com escritório em Braga, e o economista Adolfo, que trabalha no Porto. Todos detidos ao raiar do dia, em casa.
O quarto suspeito é um empresário do setor das ervanárias e dos medicamentos, oriundo de Braga,
Emanuel Marques Paulino, conhecido pela alcunha de Bruxo da Areosa e que tem lojas na zona do Porto e em Coimbra.
Os restantes três serão os executantes, gente ligada a ‘cobranças difíceis’, um deles com cadastro por homicídio na forma tentada e tráfico de drogas.
Entretanto terá já sido detido um oitavo arguido.
João Paulo Fernandes, de 42 anos, foi sequestrado quando se preparava para meter o carro na garagem. Foi abordado por dois homens, armados e encapuzados que o agrediram e o manietaram
dizendo-lhe: “vamos-te matar”. A cena foi presenciada pela filha, uma menina de sete anos que os agressores não importunaram.
Há dias, na zona do Porto, a PJ encontrou dois carros queimados, um deles o que foi usado para o sequestro, um Mercedes.
O móbil do crime terá sido o de calar João Paulo Fernandes, dado que este era a principal testemunha numa ação pauliana de restituição de 19 bens que teriam sido desviados ao pai Fernando Fernandes a conselho de Pedro Bourbón.
O advogado – que foi indicado ao pai pelo próprio raptado de quem era amigo – sugeriu a Fernando Fernandes que escondesse bens no valor de 1,9 milhões numa empresa-cofre, a Monahome – criada para o efeito. Os bens, casas, terrenos e apartamentos em Braga e Viana ficariam na posse de Fernando Fernandes, escondidos dos credores, já que as duas empresas que fundara anos antes, a Sociedade de Construções Fernando M. Fernandes e Inmetro estavam em insolvência.
A promessa do advogado não se cumpriu e os bens começaram a ser vendidos sem sua autorização.
Depois de ter tido várias reuniões com o advogado, Fernando Fernandes apresentou uma queixa-crime contra ele no Tribunal, mas nada conseguiu dado que o inquérito foi arquivado e o mesmo sucedeu ao pedido de instrução do processo.
Vendo o que sucedeu ao pai, João Paulo Fernandes escreveu à PJ dizendo que também ele fora ‘roubado’ pelos dois, o jurista e o ‘bruxo’ em 700 mil euros, 300 mil em dinheiro e o restante de um armazém.
Ameaçava queixar-se disso, o que lhe poderá ter sido fatal já que os suspeitos terão ordenado a sua morte.
Luís Moreira (CP 8078)