O Conselheiro das Comunidades Portuguesas na Venezuela, Fernando Campos, considera que o Governo de Caracas está a usar o caso da TAP e da suposta viagem de explosivos a bordo de um voo da companhia aérea portuguesa como arma política.
Esta terça-feira, o Governo venezuelano anunciou a suspensão dos voos da TAP por 90 dias. A informação foi adiantada nas redes sociais pelo ministro dos Transportes do Governo de Nicolás Maduro. No Twitter, Hipólito Abreu adianta que em causa “estão irregularidades graves” que comprometem a segurança na Venezuela.
“Devido às graves irregularidades cometidas no voo TP173, e em conformidade com os regulamentos nacionais da aviação civil, as operações da companhia aérea TAP ficam suspensas por 90 dias”, disse o ministro dos Transportes da Venezuela, Hipólito Abreu, na conta da rede social Twitter.
Fernando Campos admite que suspensão dos voos da companhia aérea vai ter “impacto” na comunidade portuguesa e na sociedade da Venezuela, mas diz acreditar que o bom senso vai prevalecer.
“A oferta de voos de saída e entrada na Venezuela tem, nos últimos anos, diminuído consideravelmente, muitas companhias deixaram de voar para a Venezuela”, lembra o conselheiro, lembrando a importância dos dois voos semanais que a TAP faz para o país. Para já, os passageiros têm procurado alternativas.
“O Estado venezuelano conhece perfeitamente a comunidade portuguesa, sabe que são pessoas que estão aqui há muitos anos a trabalhar e a contribuir para o desenvolvimento do país”, explica o conselheiro, acrescentando que os portugueses “são os principais impulsores do comércio na área da alimentação”.
A suspensão, acredita Fernando Campos, vai acabar antes dos 90 dias anunciados pelo Governo venezuelano, até porque o país não pode forçar muito mais este “braço de ferro” com Portugal.
“Acredito que em duas ou três semanas possa ser revertido de alguma forma. Marcou-se uma posição de força, a mensagem foi enviada”, nota.
“Do ponto de vista mais pessimista, vê-se que há uma tentativa de aproveitamento desta decisão para forçar o Estado português a reverter algumas decisões, em específico no que diz respeito ao reconhecimento de Juan Guaidó como presidente interino da Venezuela”, acrescenta.
Fernando Campos acredita que o Estado português “não vai reverter esse reconhecimento de maneira nenhuma” e acrescenta mesmo que “não pode aceitar pressões desse tipo”.
Fonte TSF