Termina este domingo a greve de médicos às horas extraordinárias nos centros de saúde e a greve à “produção adicional” nos hospitais, convocada pelo Sindicato Independente dos Médicos (SIM) em protesto contra “a incapacidade” do Governo em “apresentar uma grelha salarial condigna”.
A paralisação havia sido convocada a 24 de Julho, e foi sendo prolongada até ao final de 2023.
Apesar do SIM ter chegado a acordo com o governo para um aumento de cerca de 15% nos salários dos médicos do SNS, não suspendeu a greve até o mesmo estar por escrito
“Com esta greve fizemos pressão para que fosse possível uma melhoria nas condições de trabalho dos médicos de medicina geral e familiar, nomeadamente no que tem a ver com a organização e atendimentos complementares, já que, dada a circunstância de haver grande numero de utentes sem médico de família, estavam a ser tornadas rotineiras e quase definitivas situações extraordinárias”, explica à Executive Digest Jorge Roque da Cunha, secretário-geral do SIM.
O SIM considera positivo o fim das quotas para a transição das Unidades de Saúde Familiar modelo A para modelo B: “fazem crer que haverá uma circunstância de melhoria de acesso dos portugueses ao médico de família e é o que achamos que irá ocorrer no início do ano”, indica o sindicalista.
GRANDE ADESÃO
Sobre as greves que agora terminam, Roque da Cunha assinala a “grande adesão” registada ao longo de mais de cinco meses de greve.
“Uma greve de médicos é sempre algo que não desejamos, que não queremos banalizar. Utilizamo-la como último recurso. Houve uma grande adesão de facto e, do nosso ponto de vista, contribuiu para que fosse possível um aumento intercalar dos salários. Também, por outro lado, permitiu em muitas unidades um repensar da utilização do trabalho médico, para se recorrer menos ao trabalho extraordinário. E com melhor organização, haverá melhor acesso, sem necessidade de aumentar ainda mais a carga de trabalho dos médicos”, acrescenta Roque da Cunha.
O dirigente do SIM alerta, no entanto, que o sindicato vai pedir um compromisso aos partidos, antes das eleições marcadas para 10 de Março.
“Em relação ao acordo que atingimos, este acordo intercalar, prevemos que haja uma pequena melhoria das perspectivas dos médicos do SNS. Mas, se não for complementado com um compromisso, que iremos solicitar aos partidos ainda antes de eleições, com reuniões com todos, para que o SNS faça parte das prioridades de qualquer Governo que venha a ser constituído, a situação no SNS, sem esse investimento, sem essa melhoria dos salários que agora intercalarmente conseguimos, muito dificilmente irá melhorar na perspectiva de acesso aos cuidados de saúde”, afirma o sindicalista à Executive Digest.
“O nosso apelo é que os partidos políticos não utilizem o SNS como arma de arremesso e de combate político, mas sim como formas o mais consensuais possíveis, no sentido de garantirem investimento, condições de trabalho para os médicos, e permitir aos portugueses continuar a acreditar no SNS e recorrer a ele, com muito menos constrangimentos, no que respeita até ao acesso a serviços de urgência”, conclui.