“Raiva” e “apreensão”. É nestes termos que um engenheiro bracarense define os estados de espírito dos bruxelenses e das comunidades estrangeiras que residem na capital da Bélgica.
Entrevistado pelo PressMinho por e-mail, Francisco Pereira, engenheiro ao serviço de uma empresa de construção civil de Lousada, instalada na capital política da União Europeia, afirma que a cidade vive “um clima de estado de sítio” marcado pelas sirenes das viaturas da polícia e pela presença em peso de forças militares.
“Na zona onde moro [Molenbeek] não há muitos portugueses, mas o estado de espírito geral das pessoas com que me cruzei hoje é de raiva e, sobretudo, de apreensão”, diz Francisco Pereira. Molenbeek é o bairro da capital belga, de maioria muçulmana, considerado “ninho dos terroristas” islâmicos da Europa.
Sobre os atentados, considerados por muitos analistas como retaliação do autodenominado Estado Islâmico pela detenção esta semana em Bruxelas de Salah Abdeslam, um dos cérebros do atentados de Paris de Novembro, Francisco Pereira diz que “não foram de todo surpreendentes”.
“Eu não sei se a retaliação era esperada, mas [os ataques] não foram de todo surpreendentes”, diz o engenheiro bracarense sobre os atentados que provocaram pelo menos 31 morto e 250 feridos dos quais duas dezenas são cidadãos portugueses.
Muitas empresas e serviços encerraram por ordem das autoridades policiais. Não foi o caso da empresa de Francisco Pereira.
“A empresa, tendo diversas obras espalhadas pela Bélgica e continua a trabalhar, com a excepção de uma obra na Rue de la Loi (muito perto da estação de metro onde ocorreu o atentado). Ainda por cima, a obra é para a Comissão Europeia, pelo que foi encerrada”, revela Francisco Pereira.
O aeroporto da capital belga está encerrado até, pelo menos, esta quinta-feira, dizem as autoridades belgas. Mas Francisco Pereira confia que os trabalhadores portugueses poderão passar a Páscoa com a família, isto se aeroporto de Zaventem reabrir: “não haverá problema, embora seja expectável que o reforço de segurança atrase os embarques”, adianta Francisco Pereira.
Fernando Gulatieri (CP 1200)