A aspergilose pulmonar associada à gripe e à covid-19 afecta entre 15 a 20% dos pacientes graves diagnosticados com estes vírus. A dificuldade de diagnóstico e a elevada taxa de mortalidade associada a esta condição levou a uma parceria entre o Instituto de Investigação em Ciências da Vida e Saúde (ICVS) da Escola de Medicina da Universidade do Minho (UMinho) e os Hospitais Universitários de Leuven (Bélgica).
O objectivo da equipa foi aprofundar o tema e identificar os mecanismos envolvidos neste processo e o seu trabalho publicado na conhecida revista ‘The Lancet Respiratory Medicine’.
Em comunicado, a UMinho afirma que os investigadores Samuel Gonçalves e Cristina Cunha, coordenados por Agostinho Carvalho, caracterizaram o perfil de expressão génica e das proteínas inflamatórias de 169 doentes críticos com gripe ou covid-19.
Foi, assim, possível observar uma regulação negativa de genes importantes ligados ao combate destas co-infecções, levando a uma evolução mais acelerada desta patologia, deixando assim um tempo limitado para realizar um tratamento.
O trabalho agora publicado na reputada revista ‘The Lancet Respiratory Medicine’ revelou uma quebra em “dois momentos importantes no que toca à imunidade antifúngica: o dano na barreira epitelial e a capacidade destas células em eliminar o fungo”, explica Agostinho Carvalho.
“Com as abordagens que nos propusemos, identificámos mecanismos que podem, potencialmente, ser alvos de novas imunoterapias”, acrescenta o investigador.
A aspergilose pulmonar é doença pulmonar obstrutiva crónica em que se desenvolve uma reacção alérgica ao fungo Aspergillus, existente no ar que respiramos. Afecta milhares de doentes todos os anos em Portugal e mais de 250 milhões em todo o mundo.