Cerca de 200 trabalhadores das misericórdias manifestaram-se esta sexta-feira, frente à sede da União das Misericórdias Portuguesas, em Lisboa, para reivindicar aumentos salariais e melhores condições de trabalho, salientando que há pessoas que recebem o mesmo ordenado há 40 anos.
A concentração foi marcada para as 15h00, no Campo Pequeno, mas o caminho fez-se pouco depois em direcção à sede da União das Misericórdias, a poucos metros de distância, para, de forma bastante audível, deixarem claras as reivindicações que uniam as cerca de 200 pessoas.
Em declarações à agência Lusa, Elisabete Gonçalves, que é coordenadora da Federação Nacional dos Trabalhadores em Funções Públicas (FP) para o sector social, explicou que esta “é uma luta que se arrasta desde 2015, 2016” e que tem a ver com a “valorização salarial” dos trabalhadores das misericórdias de todo o país, bem como o cumprimento do contrato colectivo de trabalho, a regulação dos horários de trabalho e a “valorização concreta dos trabalhadores”.
“Nós estamos em negociações com estes senhores e estes senhores da UMP não abrem mão, ou seja, o que eles fazem pura e simplesmente é dizer que estes trabalhadores são trabalhadores de salário mínimo nacional, são as tabelas que eles nos apresentam”, criticou.
Segundo a dirigente sindical da Elisabete Gonçalves, a adesão à greve, que se cumpriu também esta sexta-feira, rondou os 95% a nível nacional.
A organização representativa dos trabalhadores diz que não se pode “continuar a assistir a uma campanha pública de “palmadinhas nas costas” e da sua “glorificação” enquanto ao mesmo tempo os patrões fecham os “cordões à bolsa” negando actualizações salariais e a valorização do trabalho”.
Estes trabalhadores são, reforçam, “o elemento estruturante e central da actividade desenvolvida por estas instituições” por isso “não podem continuar a ser sujeitos à anulação deliberada das suas competências profissionais, dos anos de profissão e do seu percurso profissional, como o que está a ser feito, quando se lhes nega sistemática e anualmente a valorização salarial a que têm direito por via da contratação colectiva”.
Isto enquanto “as Misericórdias têm sistematicamente encaixado nos seus cofres os aumentos anuais das comparticipações do Estado através dos acordos de cooperação”. Acordos estes que nos últimos anos, “tiveram aumentos na ordem dos 3,5%. Entre 2019 e 2021 as instituições do sector social tiveram apoios financeiros na ordem dos 11% a mais que nos anos anteriores, valores que nunca revertem para os trabalhadores”.