A cooperativa VianaPescas disse esta terça-feira que o plano das eólicas ‘offshore’ “absorve o maior local de pesca de Viana do Castelo”, pelo que os pescadores pediram ao primeiro-ministro uma correcção ao diploma.
“Já alertámos o primeiro-ministro para que introduza a correcção no diploma, pois todas as associações do Norte estão unidas para responder a esta traição”, revelou à Lusa Portela Rosa, que representa a cooperativa VianaPescas de produtores de peixe de Viana do Castelo, com cerca de 450 associados.
De acordo com os pescadores, o Plano de Afectação para as Energias Renováveis Offshore (PAER), publicado na sexta-feira no Diário da República, prejudica “o maior local de pesca de Viana do Castelo, que são os secos de Viana”.
“Após uma análise mais pormenorizada do plano constatamos que o traçado já não é na perpendicular ao continente, como tínhamos proposto e apresentado como definitivo pelo director-geral de Recursos Naturais, Segurança e Serviços Marítimos numa reunião internacional, mas sim na diagonal para sudoeste”, explicou Portela Rosa.
Numa primeira análise ao documento, feita na sexta-feira, a cooperativa VianaPescas alertou que “vão ter de ser repensadas as contrapartidas” aos pescadores devido à implantação de eólicas ‘offshore’ ao largo de Viana do Castelo.
“Tínhamos pedido para libertarem, para a pesca, toda a Zona Livre Tecnológica prevista para Viana do Castelo. Mas só foi libertada metade dessa área. Isso vai prejudicar algumas embarcações, porque há zonas de pesca que vão desaparecer, e algumas terão de ser abatidas. As contrapartidas vão ter de ser repensadas”, disse.
O PAER reduziu a área norte e eliminou a área sul de Viana do Castelo como possíveis zonas de exploração de energias renováveis relativamente a uma primeira versão do documento.
O projecto que teve início com o anterior Governo socialista previa a criação de um parque eólico ‘offshore’ em Portugal, com 10 gigawatts (GW) de potência, e delimitava como possíveis áreas de exploração de energias renováveis Viana do Castelo, Leixões, Figueira da Foz, Ericeira-Cascais e Sines.
Para Viana está prevista uma área de 229 km2, para uma potência de 0,8 gigawatts (GW).