O Tribunal de Guimarães adiou esta quinta-feira a leitura do acórdão do processo com quatro arguidos, incluindo um militar da GNR e a mulher, acusados de burla superior a 400 mil euros, por doença de uma das juízas.
A sessão estava agendada para a esta quinta-feira de manhã, mas fonte do tribunal informou os jornalistas de que a leitura do acórdão foi adiada para data a anunciar “por “motivos de saúde, de doença” de uma das magistradas.
Os outros arguidos são os pais do militar da GNR de Fafe, que, segundo o Ministério Público (MP), através de um esquema de burlas, conseguiram mais de 400 mil euros, os quais permitiram uma vida de luxo ao filho e à mulher, auditora de justiça.
A acusação do MP conta que o esquema passou por o pai do GNR, “muito conhecido, considerado e com boa reputação na sua área de residência, acolitado pela sua mulher sempre que necessário, pedir dinheiro emprestado a pessoas que nele confiavam, geralmente pessoas de idade, enganando-as com uma simulada situação de urgência e aflição”.
Em julgamento, o GNR disse que “nunca convenceu, nem tinha conhecimento” de que o pai pedia empréstimos a terceiros para o ajudar.
A mãe do arguido, afirmou, por seu lado, que o filho lhes pedia dinheiro “para pagar a advogados, ao tribunal, ou que tinha problemas com uma namorada”.
Em tribunal, esta arguida adiantou ainda que, como o pai “tinha medo” que o filho fosse preso ou expulso da GNR, arranjava o dinheiro, sublinhando, no entanto, que o filho “nunca” disse ao pai que ia preso ou que seria expulso da Guarda.
No despacho de acusação, o MP considera indiciado que o militar da GNR, “tendo, conjuntamente com a sua mulher, rendimentos modestos, mas pretendendo, além do mais, viajar, frequentar hotéis e restaurantes de luxo, adquirir roupas de marcas dispendiosas e viaturas de gama alta, engendrou um esquema” para obter as quantias monetárias necessárias àquela vida de luxo, “à custa de terceiros”.
Ao esquema, segundo o MP, aderiram a mulher e os pais do militar da GNR.
O pai do GNR alegaria uma falsa prisão iminente do seu filho, decorrente de problemas com a justiça e/ou com uma também falsa possível expulsão daquela força policial.
“No contexto da alegação, o dinheiro seria necessário para acudir a pagamentos devidos em tribunal, para evitar os referidos desfechos”, acrescenta a acusação.
Com base naquele argumentário, que sofreria “pequenas variações” conforme a circunstância e o interlocutor, os arguidos conseguiram que 29 ofendidos, nalguns casos marido e mulher, lhes entregassem, de 2016 a 2019, o montante global de 406.999 euros.
O MP diz que “parte substancial” deste montante financiou um “elevado” nível de vida económico do militar da GNR e da mulher.
Os arguidos estão ainda acusados de terem feito circular estas quantias por contas bancárias, com operações para dificultar a sua rastreabilidade, e de as terem reconvertido em inúmeros bens, razão pela qual também estão acusados de branqueamento.