O Presidente dos EUA, Donald Trump, acusou esta quinta-feira o Supremo Tribunal de Justiça de não gostar dele, pelas decisões tomadas nos últimos dias sobre direitos dos trabalhadores homossexuais e dos jovens imigrantes.
“Não têm a impressão de que o Supremo Tribunal não gosta de mim?”, interrogava-se esta quinta-feira o Presidente, na sua conta pessoal da rede social Twitter, horas depois de os juízes do Supremo terem rejeitado uma tentativa do Presidente para colocar fim às protecções legais de cerca de 650.000 jovens imigrantes.
“Estas horríveis e politicamente enviesadas decisões do Supremo Tribunal são tiros na cara de pessoas que se orgulham de ser republicanos e conservadores. Precisamos de mais juízes ou iremos perder a segunda emenda”, escreveu Trump no Twitter, referindo-se à importância de ter mais juízes escolhidos por si no Supremo Tribunal.
Esta quinta-feira, o Supremo Tribunal considerou que a decisão do Governo republicano de terminar o programa iniciado pelo Presidente Barack Obama, que protege os imigrantes ilegais com menos de 30 anos de serem deportados, é “caprichosa” e “arbitrária”.
Assim, estes imigrantes, conhecidos com os ‘dreamers’ (sonhadores) continuam a manter autorizações para trabalhar nos Estados Unidos e fica preservada a sua protecção contra tentativas de deportação, por uma decisão judicial que é um relevante revés político para o Presidente, em ano eleitoral.
Os quatro juízes conservadores discordaram da decisão, contra os quatro votos favoráveis dos juízes progressistas, tendo deixado a decisão nas mãos de John Roberts.
Um dos dissidentes, o juiz Brett Kavanaugh, escreveu na sua declaração de voto que está convencido de que o Governo agiu adequadamente na tentativa de encerrar o programa.
Na sua conta do Twitter, Trump transcreveu a opinião de um outro juiz conservador, Clarence Thomas, que diz que a decisão do Supremo Tribunal “é um esforço para evitar uma decisão politicamente controversa, mas legalmente correcta”, referindo-se à opção de terminar o programa de protecção dos jovens imigrantes.
Esse programa aplica-se a pessoas que estejam nos Estados Unidos desde crianças, em situação ilegal, não tendo, em muitos casos, nenhuma outra memória de casa para além dos EUA.
O programa surgiu depois de um impasse político sobre um projecto de lei sobre imigração, que opôs o Congresso ao Governo de Barack Obama, em 2012.
Nessa altura, Obama decidiu proteger formalmente as pessoas nessa situação de deportação, além de preservar os seus postos de trabalho.
Com a chegada de Donald Trump, em 2017, o Presidente anunciou o encerramento do programa, apesar das críticas de numerosos grupos de direitos civis.
Redacção com DN