Uma ponte pedonal recém-inaugurada em Ovar, distrito de Aveiro, tem dado que falar por ter apenas 38 milímetros de espessura, sendo a mais fina que existe em betão auto-compactável reforçado com fibras.
O projeto envolveu a Escola de Engenharia da Universidade do Minho, com coordenação de Joaquim Barros, o Instituto Superior Técnico e a ALTO – Perfis Pultrudidos, entre outros parceiros. A ponte de 11 metros de comprimento e dois de largura pesa só três toneladas e é imune a fenómenos de corrosão. A investigação contou com o apoio do QREN e da Agência de Inovação (AdI).
A reitoria adiantou que a nova travessia sobre o rio Cáster, instalada no Parque da Senhora da Graça, foi batizada de Ponte São Silvestre aquando da partida para a prova de atletismo com o mesmo nome. Joaquim Barros considera a criação inovadora porque “combina materiais, perfeitamente compatíveis, sem incluir qualquer armadura convencional, e com a particularidade de ter perfis pultrudidos em polímero reforçado com fibras de vidro”, estando ligados ao tabuleiro por um adesivo estrutural e conetores.
O professor justifica que o caráter auto-compactável elimina situações de vibração, enquanto as fibras e as propriedades de resistência alcançadas neste betão evitaram recorrer a armaduras de aço convencionais, o que permite a espessura e o peso reduzidos e a resistência à corrosão. Ou seja, os autores creem que, a prazo, não haverá lugar para trabalhos de manutenção, como acontece noutras estruturas do género, “a não ser pormenores pontuais, como uma pintura”, nota Joaquim Barros.
PREPARADA PARA INTEMPÉRIES
O investigador do Instituto para a Sustentabilidade e Inovação em Estruturas de Engenharia adianta ainda que “os tipos de materiais adotados na estrutura podem ser aplicados noutros sistemas construtivos, com vantagens técnicas e económicas, principalmente em zonas de elevada agressividade ambiental, como a costa marítima”. Além disso, o baixo peso da ponte tornou também o transporte e a instalação no local mais simples, rápido e menos oneroso.
A investigação teve uma forte ligação ao tecido industrial, com a ALTO, especializada no fabrico de materiais compósitos. A construção do tabuleiro esteve a cargo da CiviTest e os ensaios estruturais efetuados antes da instalação definitiva foram efetuados na Tecnipor. “Esta obra demonstra a capacidade de se fazer inovação em Portugal, reunindo e aplicando complementaridades das competências do seu meio científico (universidades) e técnico (empresas)”, afirma Joaquim Barros. Um vídeo sobre o projeto está disponível em www.youtube.com/watch?v=wjQ3QZ-yyQY.