O presidente do Fundo para a Proteção dos Animais Selvagens, Nuno Oliveira, defende que o Parque Nacional da Peneda-Gerês não está em bom estado e aponta responsabilidades ao Governo.
“O Parque Nacional está muito mal de saúde. O Parque Nacional está com uma acentuada queda de cabelo, se chamarmos cabelo à vegetação. Essa perda de vegetação traz atrás de si a erosão e a perda de solo e portanto quase uma impossibilidade de arborização”, disse o representante máximo da entidade, à margem das XX Jornadas Nacionais de Conservação da Natureza e Educação Ambiental, que decorreram no fim de semana em Arcos de Valdevez, antes de indicar as causas e apontar o dedo aos sucessivos ministros do ambiente dos vários governos.
Questionado ainda sobre o aumento da procura turística nesta zona do país, o dirigente não hesita em considerar que a “utilização turística do Parque Nacional da Peneda-Gerês é mal conduzida”. “Não podemos confundir turismo na natureza com turismo de natureza. Usar a natureza para praticar actividades que a degradam, como por exemplo esses passeios de motos todo-o-terreno, não interessa”, afirmou.
Em declarações ao JN, acrescenta que “há décadas que o Parque Nacional não é olhado como devia ser olhado e não são feitas as reflorestações que deveriam ser feitas, com as espécies adequadas. Os incêndios sucedem-se, o pastoreio sem controlo, feito até por pessoas que não são daqui, continua a acontecer e depois usa-se o Parque Nacional para colocar publicidade em autoestradas e serve para promover tudo e mais alguma coisa, não serve é para ser conservado”, adiantou Nuno Oliveira, acrescentando que quem vive da procura do Gerês pela sua “beleza”, “pode acabar por perder o negócio”.
“Um director de um Parque Nacional perdeu há muito essa capacidade de decidir e portanto não pode ser culpado do abandono que não é exclusivo do Parque Nacional da Peneda-Gerês, é de todas as áreas protegidas, as reservas naturais, as paisagens protegidas… tudo está com problemas de gestão. Toda esta falta de respeito pelas áreas naturais é uma factura que o país vai pagar porque quer ser um país turístico, quer viver do turismo e o turismo vive da paisagem, não vive de mais nada”, defendeu o presidente do FAP