O actor e cantor Victor Espadinha, intérprete de “Recordar é Viver”, celebra 55 anos de carreira, na próxima sexta-feira, no Lounge D do Casino Estoril, onde vai apresentar um espectáculo inspirado no álbum “Canções de Uma Vida”.
No espectáculo no Estoril, além de canções como “Recordar é Viver”, “Gato-Sapato”, “Palhaço até ao Fim” e “Companheira”, Espadinha irá estrear quatro novas canções, entre as quais “Como Eu Gosto de Ti”, de sua autoria.
A estreia em 1962 foi paralela à carreira de radialista e jornalista em que se iniciava. “Nessa altura trabalhava na Rádio Clube de Moçambique e no jornal A Tribuna, do famoso António Reis”. Voltou a tentar a carreira jornalística, em Lisboa, na década de 1960, no Diário Popular, dirigido por Francisco Pinto Balsemão, tio do actual presidente do Grupo Impresa.
O sonho de Victor Espadinha, nascido há 77 anos em Lisboa, foi sempre o teatro, apesar de se ter multiplicado noutras profissões, em Moçambique, na antiga Rodésia do Norte (actual Zâmbia), no Reino Unido e em Portugal.
Em 1966 estreou-se profissionalmente numa comédia protagonizada por Eunice Muñoz, “Deliciosamente Louca”, com Ruy de Carvalho, Rogério Paulo, Clara Rocha e João Perry, que estava em cena no Teatro Villaret. “Fui substituir o grande actor José de Castro, que ia fazer uma peça para o Nacional. E há tempos perguntei à Eunice [Muñoz] porque me tinha escolhido, e ela respondeu-me: ‘Porque eras muito mexido'”, contou.
O instinto de sobrevivência guiou-o sempre, daí ter sido repórter na ex-Rodésia do Norte, de onde ganhou credenciais para ir para Londres, onde trabalhou com o realizador de rádio David Davies (1908-1996), vindo anos mais tarde a pôr em prática, no então Rádio Clube Português, o que viu e aprendeu, e que o leva a referir-se como “o primeiro DJ português”.
Na capital britânica estudou teatro, tendo ficado amigo do actor Alain Cumming, que faz parte do elenco da série televisiva “The Good Wife”, em exibição, e chegou a subir ao palco, no West End.
O empresário teatral Vasco Morgado (1924-1978), depois do 25 de Abril de 1974, conseguiu convencê-lo a voltar para Portugal. Espadinha fez parte do elenco de “Mostra-me a tua piscina”, de Jean Letraz, encenada por Alexandre Doré (1923-2002), que esteve dois anos em cena no Teatro Capitólio, em Lisboa.
Do teatro orgulha-se de ter trabalhado “com alguns dos maiores nomes”, nomeadamente Ivone Silva, Ribeirinho, Maria Dulce, Barroso Lopes, José Viana – que o levou para o teatro de revista -, entre muitos outros.
No cinema participou “em pequenos papéis”, em Inglaterra e na ex-Rodésia do Norte. Em Portugal, foi com o realizador José Fonseca e Costa (1933-2015) com quem mais trabalhou, nomeadamente em “Viúva Rica, Solteira não Fica” (2006).
Na televisão participou em várias séries, a mais recente “Os Malucos do Riso” (1997-2011).
Na próxima sexta-feira à noite, Victor Espadinha partilha o palco com Renato Silva Júnior (piano e teclas), Mário Jorge (guitarra), Nelson Oliveira (baixo), Paleka (bateria), Raquel Jorge (voz) e Angélica Alma-Ata (guitarra e voz).
FG (CP 1200) com TSF