A recriação da tradicional malhada do centeio é uma das actividades mais emblemáticas da programação do projecto, Na Rota das Colheitas, cuja fama já ultrapassou as fronteiras do país.
A Eira de David Martinga, recebeu no passado domingo, em Aboim da Nóbrega, dois grupos de turistas internacionais, alemães e belgas, que se juntaram aos vilaverdenses e a outros turistas portugueses para embarcar numa autêntica viagem no tempo à descoberta das raízes da tradição minhota.
Antigamente, a agricultura era o principal meio de subsistência das populações locais. No passado, malhavam 24 homens de cada vez, 12 de cada lado e mesmo assim a malhada durava um dia inteiro. Também se cantava muito, era muito bonito”, recordou Maria Costa.
Por sua vez, Nélson Dias lembrou algumas práticas peculiares. “Havia algumas eiras em pedra, mas a maioria era em terra. Durante algum tempo antes da malhada, começava-se a recolher a bosta do gado, que era derretida em água e depois ficava a secar. Assim que estivesse seca também ficava dura e era pousada na eira para que o centeio não ficasse pousado directamente na terra”, afirmou, acrescentando que, no final, sacudia-se a palha para retirar o colmo, utilizado no enchimento de colchões e almofadas e para chamuscar os pêlos do porco após a matança da seba.
Presente no local, a vereadora da Cultura do Município de Vila Verde, Júlia Fernandes, deixou fortes elogios à organização, à Junta da União de Freguesias de Aboim da Nóbrega e Gondomar, bem como às associações e voluntários locais, pelo trabalho de preservação de uma prática que esteve em vias de extinção. “O evento cumpre um duplo propósito. Por um lado, reavivar memórias e recriar uma tradição antiga, colocar em destaque os sabores e saberes tradicionais. Por outro, a vertente pedagógica, ensinado às gerações mais novas os saberes tradicionais e a riqueza da cultura popular”, afirmou Júlia Fernandes, demonstrando bastante satisfação pela presença de dois grupos de turistas internacionais e da bloguer brasileira Naira Back, que “vão ajudar a continuar a divulgar e promover esta festa”.
Redacção