Os processos judiciais que envolvem a Adere-Minho e a Câmara voltaram a aquecer a noite fria da segunda parte da primeira sessão da assembleia municipal de Vila Verde pós-autárquicas. Em ambiente de ‘guerrilha política’, em que os diferentes contendores mostraram querer ganhar ascendente e posicionar-se no ‘campo de batalha’, a ‘casca da banana’ foi lançada pelos deputados socialistas e o presidente da câmara ‘escorregou’. Depois, emendou!
O que pareciam ser reparos circunstanciais dos deputados socialistas Conceição Alves e João Silva sobre os eventuais “incumprimentos” da câmara em relação à forma como apresenta a informação das contas e o relatório de actividades, serviu apenas para abrir mais uma frente de batalha político-partidária. Em noite fria de Inverno, João Silva trouxe à ‘liça”’a Adere-Minho e deixou a acha na fogueira.
Vilela aproveitou ‘a deixa’ e acusou o PS de “mostrar sempre uma preocupação muito grande” com a Adere-Minho. E questionou: “ainda não vi ninguém do PS insurgir-se contra o ‘roubo’ que a Adere-Minho quer levar a cabo”. Acabaria por acusar o vereador José Morais de ter testemunhado contra o município. Emendou, mais tarde: o que era ‘querer roubar’, passou a ser “querer apropriar-se” e fez um ‘flic-flac’ em relação ao vereador.
MARTINHO E OS ‘APARTES’… ARANTES ‘IRRITADO’
Com o ‘sangue a ferver’, a assembleia agita-se, Morais corrige Vilela e Martinho Gonçalves volta a assumir o posto de ‘comando’. A contragosto, o presidente da assembleia municipal aceita que o líder da bancada do PS fale e os ânimos ‘explodem’.
Martinho pedia “contenção” verbal ao presidente da Câmara, “em relação aos termos e modos que usa. Evite usar palavras como ‘roubar’”. No alto da sua “sapiência parlamentar”, por entre reparos de Arantes e algum sururu da bancada PSD, rematou com mais uma ‘acha incendiária’: “o Dr. João Silva, que até é de Soutelo, também poderia dizer que a câmara se apropriou de um edifício que é de Soutelo” (referindo-se ao edifício ocupado pela Adere-Minho que a câmara municipal quer reaver no início de 2018).
O presidente do órgão deliberativo municipal, Carlos Andrade Arantes, sentiu a questão como mais uma provocação e viu o terreno agitar-se ainda mais. Solicitou o fim da intervenção, mas Martinho Gonçalves retorquiu: “os apartes fazem parte do combate político parlamentar”. E finalizou: “discordo da forma como conduz a assembleia municipal”.
VILELA EMENDA
O presidente da câmara acabou por sentir a necessidade de esclarecer a matéria. Emendou a dialéctica, referindo-se ao comportamento da Adere Minho como uma instituição que se quer “apropriar de património de Vila Verde. Aliás, estamos proibidos de usar o nome Lenços de Namorados por causa da acção dessa instituição”. Na sua óptica, “é um organismo que quer prejudicar Vila Verde e os vilaverdenses”.
Sobre o edifício em questão, a antiga escola de Soutelo, Vilela referiu que “foi registada em nome do município de Vila Verde, tal todas as outras escolas, porque decorreu da Lei”.
O deputado João Silva acabaria por regressar ao púlpito e lembrar que aquele espaço foi construído por um soutelense, no início do século passado. “A escola era ao lado”, assinalou e Vilela ‘desdenhou’.
DÍVIDA MUNICIPAL É DE 13,5 MILHÕES
Numa sessão em que ‘apontaram armas’ e que se marcou o terreno político, fica ainda o registo para a revelação do presidente da Câmara sobre o estado financeiro da autarquia. “Temos vindo a reduzir o endividamento da autarquia, que – nesta altura – é de 13,5 milhões, em contratos com instituições financeiras”, referiu. Acrescentou ainda que “o prazo médio de pagamento a fornecedores tem vindo a reduzir. É, nesta altura, de cerca de 15 dias”.
Vilela garantiu que “a Câmara de Vila Verde vive uma situação financeira controlada que permite encarar o futuro com tranquilidade”.
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Carlos Machado Silva (CP 3022)