Júlia Fernandes acredita que Vila Verde vai conseguir em 2023 um “resultado histórico” no sector do turismo, batendo os anos também eles históricos de 2019 e 2022. Os indicadores divulgados pelo Turismo Porto Norte de Portugal apontam nesse sentido. Até Marcelo Rebelo de Sousa espera um ano turístico “em grande”, porque, diz o Presidente da República, Portugal “é um refúgio seguro”. E se houvesse “mais TAP” a aterrar no Porto poderia ainda ser bem melhor…
Fazendo uma viagem a um passado de cerca de 40 anos, ouviríamos gente bem informada augurar que Vila Verde pouco mais teria para oferecer ao turista que as romarias da Senhora do Alívio. E hoje em dia há ainda quem diga
que o concelho dos rios Homem e Cávado não passa de um rápido ponto de passagem entre a monumentalidade e a magnificência do barroco bracarense e a diversidade e sumptuosidade do Parque Nacional Peneda Gerês.
Nada mais falso, assegura a presidente da Câmara Municipal de Vila Verde, discordando das presunções destes carrancudos ‘Velho do Restelo’.
Logo à partida, o concelho vilaverdense ‘encaixa’ nas tendências do turismo para este ano elencadas por especialistas do sector. Estes apontam para o crescimento do turismo de viagens de aventura e experiências ao ar livre, turismo de bem-estar, turismo rural e responsável. Precisamente o que o concelho de Vila Verde oferece.
Depois, Braga e o Parque Nacional “são territórios complementares e nunca competitivos entre si”. “Há cada vez mais turistas residentes e estrangeiros a procurar Braga e cada vez mais a querer conhecer o Concelho de Vila Verde, a terra dos Lenços do Namorados”, explica Júlia Fernandes.
E os números não mentem. Os dados divulgados recentemente pelo barómetro da Associação Empresarial de Braga, referentes ao período entre Janeiro e Março passado, provam o que diz a autarca. Revelam, por exemplo, que as ‘dormidas’ aumentaram (variação homóloga) 44% em Vila Verde, mais 50% que Amares e 31% que Braga. Se tivermos em análise a “restauração”, os números mostram também um aumento de 75% para o concelho, mais 25% que Braga.
“A marca do nosso turismo está no nosso nome: ‘Verde’. É por causa deste ‘verde’, do que a nossa natureza oferece, que somos procurados. Procuram-nos pelo 40 quilómetros de trilhos devidamente marcados e sinalizados que temos, três dos quais inaugurados recentemente, pelas belíssimas zonas de lazer”, diz.
Mas não só. A lista de argumentos para convencer o turista mais exigente é variada e suficiente para uma estadia de três dias (ou mais).
Turismo e natureza
Além da sua grande diversidade de paisagens, de cenários idílicos, as íngremes encostas, as cumeadas, as ravinas de trilhos ancestrais, que podem ser descobertos a pé, a cavalo ou de bicicleta, o concelho tem nas suas zonas ribeirinhas outra mais-valia.
Júlia Fernandes orgulha-se do trabalho feito nas zonas ribeirinhas, onde a Praia Fluvial do Faial e a sua Bandeira Azul “são já ícones”, e com a recente certificação de Vila Verde como Estação Náutica.
É que com essa certificação a autarquia pode dar continuidade a todo um trabalho que tem sido efectuado no território com vista à valorização de um conjunto de recursos associados à água (rios Cávado, Neiva e Homem, ribeiras e suas margens, praias fluviais) e à paisagem envolvente.
“Uma actuação que tem sido reforçada através de um investimento na dinamização de acções de sensibilização e divulgação, assim como na construção de um leque de infra-estruturas e equipamentos de apoio, como são a ecovia do Cávado e do Homem, a Rede Municipal de Trilhos e de percursos pedestres, entre outros”, enumera.
Trata-se, refere Júlia Fernandes, de acções que permitem a fruição ao longo das margens, a preservação e valorização ambiental e, claro, “a criação de um novo produto de atracção turística para o concelho”, com forte ligação aos rios às actividades náuticas (com destaque para a prática de canoagem promovida pelo Clube Náutico de Prado)
Em resumo: a Estação Náutica de Vila Verde apresenta-se como uma plataforma de cooperação e articulação entre os vários actores identificados com o território, com vista à promoção de uma oferta integrada e sinergética, capaz de acrescentar valor e contribuir para a promoção de Vila Verde enquanto destino de náutica desportiva e de lazer. “Temos todas as características e potencialidades para o Turismo de Natureza. Aqui não faltam actividades para preencher umas férias em contacto com a natureza”, garante a autarca.
Cultura e festa
A Casa do Brinquedo e da Brincadeira, um projecto da Associação Domingos de Oliveira Lopes dedicado aos brinquedos feitos pelos mais novos, ao brinquedo artesanal e industrial, ou a Cooperativa Aliança Artesanal, onde artesãs continuam a bordar os ‘lenços dos namorados’, peças de linho meticulosamente bordadas com motivos decorativos e versos que as raparigas faziam e ofereciam ao rapaz de quem gostavam, são locais de visita obrigatória.
Júlia Fernandes aconselha a inscrever-se no roteiro de viagem o Espaço Namorar Portugal e considera “obrigatória” a visita ao Museu do Linho e do Mundo Rural, recentemente distinguido a nível nacional.
A Festas das Colheitas e a Rota das Colheitas, em Outubro e Novembro, juntam a tradição, produtos regionais e muita festa à moda do Minho. E o Santo António, claro. Também a não perder.
“Quem procura o contacto com a natureza, com o património, com o que há de mais genuíno, que queira também ‘meter a mão na massa’, participar, longe dos grandes aglomerados, encontra-o em Vila Verde. E é por essa razão acredito que este Verão vamos superar todas as expectativas”, diz.
Júlia Fernandes aponta como mais-valia para o turismo na região a “complementaridade”» que existe entre os seis territórios da Comunidade Intermunicipal do Cávado: Esposende, Barcelos, Braga, Vila Verde, Amares e Terras de Bouro.
“Do mar de Esposende, do barroco de Braga, da olaria de Barcelos, da Estação Náutica de Vila Verde, da Geira e Termas de Caldelas de Amares ao Parque Nacional Peneda Gerês de Terras de Bouro, somos um território complementar”, sublinha.
TELENOVELA CHAMADA TAP
“A Câmara de Vila Verde investe em iniciativas e infra-estruturas, faz o seu trabalho para atrair mais visitantes à região. Este trabalho está a atingir resultados, o turismo cresce. E isto sem uma TAP a funcionar como o Norte de Portugal precisa.
Mesmo assim, o turismo cresce. O que seria se tivéssemos ‘mais TAP’, uma TAP que servisse bem o Norte do país? Nacionaliza-se, privatiza-se…
Este é mais um episódio de uma telenovela que já teve e ainda vai ter muitos mais episódios. O que nós, autarcas, vemos, é o número de voos para o Aeroporto Sá Carneiro diminuírem, enquanto o turismo nesta região necessita de aumentar o número de dormidas e o tempo médio que cá passa. Temos lutado com o Porto e Norte de Portugal para pôr fim a esta tendência de redução de voos para o Porto que está a prejudicar o Norte. A transportadora aérea é muito importante para a para a região”, refere Júlia Fernandes.
QUE FAZER NUM DIA?
Este é o roteiro proposto por Júlia Fernandes para uma visita de um dia ao concelho
Ponto de partida: Posto de Turismo
MANHÃ
– Visita ao Mosteiro do Alívio;
– Museu do Linho, premiado este ano;
– Espaço Namorar Portugal, onde se podem ver bordadeiras a bordar ao vivo. Pode aprender a dar alguns “pontinhos” num lenço de namorado;
– Visitar Mixões da Serra, passando pelos miradouros.
ALMOÇO
-A dificuldade é escolher, e o difícil é escolher mal. Tem à sua disposição desde o restaurante mais gourmet à “tasca”. Sugere-se o pica-no-chão.
TARDE
– Percorrer um trilho a pé ou de bicicleta;
– Passar o resto da tarde calmamente na Praia do Faial, em Prado. Pode ser que surpreenda os canoístas do Náutico em treinos;
– Apreciar o pôr-do-sol na Ponte Filipina.
JANTAR
Mais uma vez, aconselhamos a comida tradicional, sempre muito boa no restaurante ou na ‘tasca’.
DORMIDA
– Para terminar o dia em beleza, escolha uma quinta de alojamento local para passar a noite.
Fernando Gualtieri (CP 7889)
Reportagem publicada originalmente na edição de Junho do jornal O Vilaverdense