O eurodeputado e ex-presidente da Câmara de Vila Verde, José Manuel Fernandes, apresenta este sábado, às 21h00, em Vila Verde, na biblioteca Prof. Machado Vilela, o livro ‘Vilaverdenses na 1.ª grande guerra (1914-1918)’, da autoria de Penteado Neiva.
“O livro ‘mexeu comigo! Vi os cenários e o sofrimento. Lembrei-me de relatos de vilaverdenses com os quais privei quando fui presidente de Câmara”, escreve a propósito na sua página do facebook.
A propósito, lembra que, “na primeira grande guerra foram mobilizados 395 vilaverdenses dos quais 61 perderam a vida e 79 foram aprisionados pelos alemães e internados em diferentes campos de concentração onde foram maltratados e passaram fome”.
Lembra que “todas as freguesias deram” jovens para esta Guerra”, salientando que, em Moçambique desembarcaram 92 cidadãos da terra sem grande treino militar”.
“Há 41 que não regressaram, dos quais 10 morreram na viagem de regresso tendo sido lançados ao mar em frente à Guiné Bissau, à Serra Leoa, na costa Angolana, no golfo da Guiné, na costa do Gabão, em frente ao Senegal, na costa marroquina e um deles na Ponta de Sagres”, lamenta.
Para além destes vilaverdenses ‘sepultados’ no mar – acrescenta – “temos outros em Moçambique (no cemitério de Lourenço Marques e na Beira), em França no cemitério de Richebourg l’Avoué (15), e cemitério de Le Touret. Outros ‘desapareceram’ na batalha de La Lys como Gaspar Rodrigues, natural de Vila Verde, e que, “sendo destemido era conhecido no batalhão como o ‘Bravo’”.
E prosseguindo, recorda. “Em cada número, há um nome, uma família, sofrimento. As marcas ficaram. É evidente que ficaram muitas estórias por contar. Percebo que muitos não queriam sequer recordar. Há sonhos desfeitos, filhos que não conheceram o pai, esposas que já não contavam com os maridos, mazelas físicas e psíquicas que nunca passaram”.
Fernandes agradece o trabalho do historiador esposendense Penteado Neiva e dá os parabéns à Câmara Municipal “pelo apoio e desafio para a elaboração do livro”.
“Muitos de nós, vamos redescobrir a origem e homenagear os nossos maiores. O livro convida-nos a reencontrar os que fazendo parte de nós ainda há pouco tempo acabaram por nos deixar prematuramente”, sublinha.
E deixa uma promessa: “no próximo ano, nas comemorações do fim da Grande Guerra, visitarei os vilaverdenses sepultados em França, heróis jovens, anónimos e esquecidos mas finalmente lembrados”.
E termina com uma frase de Paul Valéry que consta do livro: “A guerra é um massacre entre pessoas que não se conhecem para proveito de pessoas que se conhecem mas não se massacram”.
Luís Moreira (CP 8078)