Martinho Gonçalves, um histórico militante do PS de Vila Verde, dirigiu, no Facebook, uma carta aberta ao presidente da Câmara, António Vilela, em que critica a postura do autarca quando confrontado com as questões levantadas pela Concelhia socialista, nomeadamente devido à Pró-Vila Verde.
A propósito do facto de Vilela acusar o PS de ”falar de Vila Verde pela negativa”, Martinho Gonçalves entende que essa posição do edil, por ser repetida, “assume foros de uma inadmissível intolerância antidemocrática”.
“É que deve, pelo menos, dar o benefício da dúvida e admitir que somos todos vilverdenses que gostam da sua terra e se esforçam por melhorar a vida dos vilaverdenses! Sempre pela positiva, claro! Se o fizer, contribuirá, certamente, para criar em Vila Verde um ambiente político saudável”, vinca um dos conhecidos advogados da ‘praça’ vilaverdense, numa de muitas posições recentes de aproximação à actual liderança socialista em Vila Verde.
CARTA ABERTA A ANTÓNIO VILELA NA ÍNTEGRA
“Meu caro Prof. António Vilela: a vida política faz-se de poder e oposição.
Quem ganha as eleições exerce o poder e quem não ganha faz oposição.
Quem ganha decide as medidas a tomar e quem faz oposição apoia ou critica essas medidas e pode, antes de apoiar ou criticar, fazer perguntas a quem governa.
Ambos, poder e oposição, procuram ser úteis ao povo que os elegeu: uns governando e os outros fiscalizando essa governação.
De toda esta actividade do poder e da oposição, somos informados pela comunicação social, que nos dá notícia das coisas bem feitas pelo poder e daquelas outras que correm mal – ou menos bem…- e que são motivo de preocupação para quem exerce o poder e oportunidade para a oposição fazer perguntas e questionar ou criticar as decisões de quem governa.
É assim que funciona a política num regime democrático, como é o nosso, em Portugal e…em Vila Verde!
Ambas as partes devem encarar este exercício de democracia com naturalidade e sem acrimónia, partindo do princípio que todos quererão o melhor para a sua terra, de que todos gostam e defendem por igual, com a mesma seriedade e entusiasmo.
E também sem crispação, num ambiente cordial que a população, em geral, aplaudirá!
Posto isto, quando a comunicação social dá notícia de foi intentado um processo judicial que envolve a Câmara Municipal e que pode penalizar a autarquia que o senhor Presidente governa, parece normal e óbvio que a oposição faça perguntas a V. Ex.a.
Essas perguntas são legítimas e oportunas e fazem parte do “jogo democrático”!
O que não parece legítimo nem democrático é ver nessas interpelações quaisquer intenções de denegrir a imagem do concelho ou da autarquia de Vila Verde!
Não, senhor Presidente, questionar a actividade autárquica, sem sequer a adjectivar, significa tão somente que a democracia está a funcionar!
Só num regime autoritário, como aquele em que vivemos antes do 25 de Abril, é que nem sequer se podia fazer perguntas e, muito menos, fazer oposição porque, como bem sabe…não era permitida!
Por isso, meu caro Presidente, quando a oposição fizer perguntas ou criticar uma qualquer decisão que a Câmara de Vila Verde tomar, olhe para isso com naturalidade, como o exercício de um direito democrático e evite ofender quem o questiona, insinuando que não gostam e não defendem Vila Verde e os vilaverdenses com o mesmo empenho e seriedade como V. Ex.a certamente o fará!
Não é bonito se for feito por uma vez só! Mas, se for feito repetidamente, sempre que o questionem ou critiquem, então, para além do ridículo, assume foros de uma inadmissível intolerância antidemocrática.
Que poderá levar os vilaverdenses a falar de si…pela negativa!
E antes que isso aconteça, aqui fica o meu conselho amigo: altere o modo e os termos que usa quando é questionado ou criticado e, simplesmente, responda, esclarecendo!
É que deve, pelo menos, dar o benefício da dúvida e admitir que somos todos vilverdenses que gostam da sua terra e se esforçam por melhorar a vida dos vilaverdenses!
Sempre pela positiva, claro!
Se o fizer, contribuirá, certamente, para criar em Vila Verde um ambiente político saudável!
Acredite, senhor Presidente, que todos ganharemos com isso!
Com estima e consideração pessoal e com espírito positivo,
Martinho Gonçalves”.
RRC (CP 10478)